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Vamos todos limpar Portugal.

Nos últimos anos no início da primavera vários organismos e associações públicas ou privadas têm juntado esforços para retirar das nossas florestas o lixo que muitos dos portugueses ainda teimam em ali “esconder”, apesar de haver espalhado por esse país fora milhares de recipientes e locais próprios para acolher os trastes velhos que já não se utilizam.

Este movimento de voluntários tem retirado das nossas matas milhares de toneladas de lixo e apesar de as gerações mais novas já terem outro conceito sobre o ambiente, estas felizes iniciativas ainda terão de se manter por largos anos porque este hábito tão português de fazer da floresta uma lixeira ainda não tem os dias contados.

Mas hoje, a limpeza que proponho não é esta, mas sim a dos muitos edifícios que “albergam” os diversos poderes deste país, o legislativo, o executivo, o judicial. Há dias assistiu-se à cerimónia da abertura do ano judicial e os discursos que ouvimos dos diferentes poderes ali presentes e a que já estamos habituados por serem recorrentes onde cada protagonista empurra o mau funcionamento da justiça para o parceiro do lado até já agonia. Mas claro, no fim todos saem “amiguinhos” e a comer da mesma panela.

Temos um parlamento, a casa da democracia, ao que consta dos melhores da Europa a nível de instalações mas ali já se sentaram ou ainda se sentam gente que vai desde falsificadores de documentos, fazendo-se passar por quem não é, especialistas em fugas ao fisco, absentistas que assinam o ponto mas que dão meia-volta e vão à sua vida, os que acumulavam pontos em viagens aéreas para os familiares, os que recebem subsídios de alojamento mas moram em casa própria, os que não cumprem o dever de declarar no TC (Tribunal Constitucional) os seus rendimentos, etc, etc. O último caso foi protagonizado pelo Sr. Lello que questionado sobre o tema disse primeiramente que nada tinha a esconder e depois mais acossado que desconhecia a Lei. Este mesmo deputado foi um dos que requereu ao TC a fiscalização permanente do OE (Orçamento de Estado) e o que o TC lhe deveria ter respondido era que antes de fazer qualquer exigência, cumprisse primeiramente os seus deveres, mas como não há moralidade, vale tudo.

E são estes senhores que fazem as Leis, papagaios que cantam a transparência, mas que apresentam uma opacidade a toda a prova.

Isto está mesmo a precisar de uma limpeza geral. São necessárias grandes vassouras e bons detergentes, pois a porcaria já está muito incrustada. Vamos todos limpar Portugal!

Mário Mendes