O Imbondeiro

17 comentários

O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada, inspirando poesias, ritos e lendas. Segundo uma antiga lenda africana, por exemplo, uma vez que um morto seja sepultado dentro de um imbondeiro, a sua alma irá viver enquanto a planta existir. Também se diz que a alma dos mortos se pendura nos seus ramos. Curiosamente, essa árvore tem uma vida muito longa, podendo chegar até seis mil anos. Só a sequóia e o cedro japonês podem competir com a longevidade do imbondeiro. Cabe salientar que esta planta foi amplamente divulgada no século XX, através da obra O Pequeno Príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Éxupery.

O seu nome científico é Adansonia Digitata, mas é também conhecida como Baobá Africano. O imbondeiro possui um tronco muito espesso na base, chegando a atingir até nove metros de diâmetro. O seu tronco vai-se estreitando em forma de cone e apresenta grandes protuberâncias. As folhas brotam entre os meses de Julho e Janeiro. Em geral, o imbondeiro floresce durante uma única noite, apenas, no período de Maio a Agosto. Durante as poucas horas da abertura das flores, os consumidores de néctares nocturnos – particularmente os morcegos -, procuram assegurar a polinização da planta.

Tudo no imbondeiro serve para a sobrevivência do ser humano. Vale ressaltar que esta árvore também se constitui em uma fonte preciosa de medicamentos. As suas folhas são ricas em cálcio, ferro, proteínas e lípidos, para além de serem usadas como um poderoso anti-diarreico e para combater febres e inflamações. Um pó feito de folhas secas vem sendo utilizado para combater a anemia, o raquitismo, a disenteria, o reumatismo, a asma, e é usado, ainda, como um tónico.

O seu fruto é denominado múcua. A casca do fruto, é utilizada pelas pessoas como tigelas. A polpa e a fibra de seus frutos são capazes de combater a diarreia, a disenteria e o sarampo. O cerne da fruta combate a febre e inflamações no tubo digestivo; as sementes estão repletas de óleo vegetal, podendo ser assadas, moídas e consumidas como uma bebida que pode substituir o café.

Derrubar um imbondeiro é um sacrilégio em Angola. No que diz respeito à construção e carpintaria, ele só é utilizado quando não há um outro material mais adequado. A sua madeira serve para a construção de instrumentos musicais e o seu cerne rende uma fibra forte usada no fabrico de cordas e linhas.

Namibiano Ferreira

NR: Para a maioria dos militares que estiveram em Angola, o primeiro imbondeiro que viram foi um muito especial que estava no Grafanil a servir de altar de capela, que podemos reviver nesta foto.

17 thoughts on “O Imbondeiro

  1. Há dias ao passar pelo Blog da CCaç 3413, reparei na Foto do Imbondeiro/Embondeiro, que existia no Campo Militar do Grafanil-RMAngola, e onde estava implantada a Capela.
    Em 1961,o BCaç 186 “O Aço”,que ficou por aquelas paragens cerca de um ano, contruíu a Capela do Imbondeiro e o Cinema “Lá vai Aço”, a única distracção, para os Militares em passagem pelo Campo, e para aqueles que pertenciam às diversas Unidades, ali aquarteladas.
    Para os EX. Militares da CCaç 3413, o meu abraço e em especial para aqueles que foram das Trans.

    • Relíquias são as histórias e as fotografias destes registos. Deverão ser bem guardadas para que se possa mostrar e explicar aos vindouros. Eu sou angolana, de cultura angolana e portuguesa. Cresci com os imbondeiros, a mafumeira (árvore do “suma huma”) e mulembeira) esta última existe nas ruas de Luanda e estão a tomar conta de todos os prédios. Cresci com todos os credos angolanos e africanos. Aprendi a respeitar e admirar o imbondeiro e a mafumeira. Fiz muitas viagens de recreio dentro da floresta em picadas no Norte Litoral. O que eu vi, é de pasmar. Vi figuras de imbondeiros nas madrugadas frias cheias de neblina que pareciam seres gigantescos que por ali habitavam. Vi ramos de imbondeiros que se abraçavam tal como 2 amigos humanos. É fabuloso andar por estas florestas onde o que impera é o imbondeiro.
      Foi destas viagens que compreendi o significado dos contos dos meus antepassados. A Árvore Espírito que à Noite Vagueia.
      Vi muitos altares em nichos nos imbondeiros. Árvore sagrada, onde o capelão fazia a missa campal. Assisti algumas no Dondo.
      Infelizmente hoje mais ninguém respeita o imbondeiro. No perímetro de Luanda, Bengo, os imbondeiros estão a ser dizimados para a construção de condomínios que não serve o povo.

  2. Também o imbondeiro quando a planta é nova pelo menos 50cms pode se extrair um tubérculo que pode ser usado como condimento em forma de batata ou mandioca e é muito nutritivo por causa do seu teor elevado de vitaminas, proteínas, cálcio e sais minerais.

  3. Olá pessoal. Também conheci o imbomdeiro do grafanil, até uma foto tirada junto do mesmo.

  4. Funchal. 2012-02-01 – É com agrado que revi a capela e o embondeiro colocados no então quartel de nome Grafanil à entrada de Luanda. Foi na verdade o 1º que vi, porque depois em terras do fim do mundo – N Riquinha em terras do Quando Cubango – inumeros embondeiros de porte magestoso, pudemos apreciar.
    Aproveiro a oportunidade para dizer aos camaradas de armas, para quem estiver interessado, a nossa companhia tem um blog na net – C Caçadores 3441 – em que mensalmente se publica uma passagem tidas naquelas terras e posteriormente na Barragem das Mabubas, onde terminamos a comissão. Para todos os camaradas, desejo um ano de 2012 com paz, saúde e alguns euros.

  5. camaradas eu sou da sexta de comandos de junho 66 a novembro 68 mas desconhecia que o fruto se chamava múcua e era bom para tratamento dos diabetes vendense ervanarias mas angola e o pais com mais imbondeiros embora o do campo militar do grafanil o mais cnhesido mama sume

    • MAMA SUME!, companheiro Monteiro. Daqui de Silves te envio um grande abraço, com os calorosos votos de muita saúde e sorte, extensivos a todos os n/ ex-companheiros da 6ª.CCOM (5º. Curso). Nas n/ atribulações daqueles tempos, só por acaso teríamos oportunidade de desvendar alguns dos muitos segredos dessa terra rica e maravilhosa,como no caso específico das propriedades terapéuticas da múcua — fruto do imbondeiro. As n/ preocupações de então eram outras…

  6. BCE357,62/64 nessa altura o Grafanil era um campo vedado com arame farrapado e três ou quatro barracas uma delas vendiam cerveja Cuca e Nocal e na parte norte uma casa feita de blocos de terra com um plutão de negros. Nada mais havia, um Imbondeiro com um altar nunca lá, vi nada disso. O Grafanil nessa altura estava cheio de barracas de campanha. Acredito que mais tarde fizessem melhoramento. Naquela altura 1962, estava na estaca zero. Estive lá um mês na preparação anti guerrilha e também á espera de ordens, depois deslocamo-nos para o Norte de Angola. Nunca mais soube nada sobre o Campo do Grafanil.
    ABÇ

  7. Hoje em dia, ve-se por toda a parte de Angola, o derrube de tão gigantescas arvores,para satifazer certos caprichos individuais,sem que no entanto se tomem medidas ou criem-se leis para regular este comportamento. Até em Luanda se assiste isso!
    É muito triste, pois o imbodeiro alimenta industrias se souber-se aproveitar o que ele oferece.

  8. Companheiros, infelizmente em Angola os imbondeiros vão sendo derrubados, sem que haja uma lei para regular tais práticas, pois desconhecem o valor desta frondosa arvore.
    Outra arvore que também vai sendo abatida, é o cajueiro, que na verdade produz bons frutos.

  9. Soube que a polpa da fruta do imbondeiro colocado no fogo serve para matar ou afoguentar mosquitos. Ouvi isso num programa da radio. Será verdade?

  10. Vendo e aprendendo.

  11. Putzz amei saber tanta coisa …

  12. Obrigado por tudo eu vivi também naquela zona e conheci está árvores e é quase sobre o qui vocês falaram é muito bom saber algo sobre a nossa cultura

  13. Enquanto a mulemba seja uma árvore jigante, o imbondeiro é a mais jigantesca existe no sul de Angola, principalmente em Luanda lá no Grafanil e, em maior quantidade no sul do País nomeadamente na província do Cunene que faz fronteira com a República da Namibia.

    Poucos sabem a utilidade desta árvore jigantesca na Medicina caseira pós embora hoje o abate desta árvore seja quase 70 por cento, na tentativa de aumentar os hectares para o cultivo de massango, massambala, tabaco e ricinero, os estudo científico e fontes não científico, tem comprovado que, os consumidores do fruto do imbondeiro ( múcua ) teem dado testemunho do sabor doce ácido e refresco do sumo da múcua, pouco se sabia da composição química da árvore, um tempo depos do meu casamento a esposa teve concebida e ela sempre fostava de tomar o chamado gelado da múcua, no dia do parto o houve uma surpresa o nenê nasceu com 6,7 kg! Mas de louvar porque a minha esposa não fez sisareana.

    Numa campanha Promovida pela direção província da saúde pública do Namibe ao ver o filho disseram que era anémico finamente é a o consumo da múcua

  14. Todos os militares que passaram pelo Grafanil tem na memória aquela grande árvore na qual foi incluída um Altar com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Por 4 vezes estive no Campo Militar por 4 vezes a primeira quando cheguei a 6 de Junho de 1965 onde permaneci 5 dias, a segunda quando Norte de Angola, mudei de zona e passei pelo Grafanil em Dezembro de 1966 por 3 dias, a terceira de regresso do Leste em Junho de 1967, mais 3 dias até ao embarque de regresso a casa no dia 24 Junho 1967. Fiz parte do Batalhão de Cavalaria 782 na Companhia de Cavalaria 781…Um abraço a todos..

  15. Linda terra, Angola.
    Gostei do texto acerca do embondeiro, a árvore da da vida. Infelizmente em vias de extinção.
    Por esse facto crio embondeiros em casa, Malveira.

Deixe um comentário